O Bitcoin (BTC) abriu a semana violando os US$ 90 mil na manhã desta segunda-feira, 13 de janeiro, pela primeira vez em quase dois meses.
Pressionado por condições macroeconômicas desfavoráveis aos ativos de risco e com o dólar de volta a patamares de alta que remetem ao mercado de baixa de 2022, o Bitcoin pode enfrentar novas quedas no curto prazo, segundo Arthur Driessen, analista da Crypto Investidor.
Durante o fim de semana, os touros lutaram para manter o preço do Bitcoin acima dos US$ 95 mil, mas não tiveram sucesso. A maior criptomoeda do mercado fechou a semana em baixa de 3,8%, cotada a US$ 94.545.
Desde então, as perdas são de 2,5%, com o par BTC/USD oscilando em torno do suporte de US$ 92 mil, de acordo com dados da CoinGecko.
Na semana que antecede a posse de Donald Trump, a macroeconomia mais uma vez estará em evidência, com a divulgação dos dados de dezembro da inflação nos Estados Unidos.
Nos próximos dias, serão conhecidos o Índice de Preços ao Produtor (PPI), na terça-feira, 14, e o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) na quarta-feira, 15. Em ambos os casos, o mercado está precificando repiques inflacionários na ordem de 0,4% no PPI e de 0,3% no CPI.
Diante de um mercado de trabalho aparentemente saudável, a persistência da inflação reforça a reversão da política de cortes de juros do Banco Central dos EUA (Fed). As perspectivas de novos cortes em 2025 tornam-se cada vez menos prováveis, de acordo com dados da FedWatch Tool da Bolsa Mercantil de Chicago (CME).
As probabilidades de que não ocorra nenhum corte este ano já chegam a 29,7%. Enquanto as chances de que haja um único corte estão limitadas a 41,8% atualmente, conforme a tabela abaixo.
Probabilidades de cortes de juros do Banco Central dos EUA ao longo de 2025. Fonte: Fedwatch Tool (CME)
Na edição desta segunda-feira, 13, de seu boletim semanal de mercado, a QR Asset destacou que o direcionamento da política monetária do Fed mudou drasticamente em apenas dois meses atrás. Em novembro, “a curva de juros [nos EUA] embutia em seus preços a perspectiva de 5 cortes na taxa básica até dezembro de 2025.”
“Este cenário contribuiu para a alta nos preços dos títulos públicos e reduziu a atratividade da bolsa, gerando quedas tanto nos índices acionários quanto no mercado cripto”, acrescentou o boletim.
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O “Minuto Cripto”, boletim diário da casa de análise de criptomoedas Mercurius Crypto, afirma que o mercado encontra-se em uma encruzilhada neste momento, “na qual temos catalisadores tanto positivos quanto negativos que podem ditar o sentimento de mercado nos próximos meses.”
No entanto, os analistas da Mercurius Crypto não descartam a possibilidade de que o ciclo de queda de juros não seja encerrado prematuramente e tenhamos mais cortes de juros do que os mercados projetam atualmente.
O principal beneficiado tende a ser o Bitcoin, mas uma queda de juros mais agressiva combinada ao aumento da liquidez global poderia favorecer também as altcoins, conclui o boletim da Mercurius.
CONTEÚDO
Análise de preço do Bitcoin
Em uma análise para o Cointelegraph Brasil, Arthur Driessen afirma que a correção do preço do Bitcoin em curso tem dois possíveis alvos, após a criptomoeda renovar suas mínimas locais abaixo de US$ 90 mil:
“O primeiro é na extensão de Fibonacci de 1, onde a correção seria finalizada na região de suporte entre US$ 85 mil e US$ 87.000 (ABC em preto), enquanto o segundo alvo fica na extensão de Fibonacci de 1,618, onde voltaríamos a testar a região de US$ 77.000 a US$78.000 (ABC em vermelho).”
A queda para esses níveis representaria prejuízos adicionais entre 7% e 15%.
Driessen destaca ainda que o Bitcoin “vem formando um padrão de topos descendentes desde 17 de dezembro, quando registrou sua máxima histórica de US$ 108.300.” Cotado em torno de US$ 91.500, o preço do Bitcoin está 15,6% abaixo do topo na tarde desta segunda-feira.
“Para que a atual correção seja invalidada, é necessário romper o 2º topo em US$ 102.700, voltando assim a marcar topos ascendentes para buscar como próximos alvos as regiões de US$120 mil a US$150 mil”, afirmou o analista.
Fim do mercado de alta
Em um cenário extremo, uma queda para a região dos US$ 77 mil poderia até mesmo representar o fim do atual ciclo de alta, segundo Driessen:
“Caso o Bitcoin caia para a região de US$ 78 mil, será necessário voltar a ficar acima de US$ 92 mil e romper a LTB para confirmar que finalizou a correção. Caso contrário ainda poderemos ter uma onda 5 para baixo buscando US$ 65 mil (movimento em azul), o que indicará que o topo do ciclo pode ter sido os US$108 mil.”
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a ação de preço do Bitcoin precisa empreender uma forte recuperação a partir de US$ 88 mil, garantindo um fechamento semanal acima dos patamares atuais.