O Deutsche Bank publicou, nesta quarta, 14, um relatório abordando o mercado de criptomoedas em 2024, os fatores que impulsionaram a alta do Bitcoin e destacando que políticas favoráveis de Donald Trump para o setor cripto, aliado a uma redução na taxa de juros pelo FED, podem impulsionar o BTC e as criptomoedas em 2025.

“As principais preocupações a serem observadas serão se o Fed continuar a manter as taxas mais altas para por mais tempo, e se as promessas da administração Trump de adotar e legitimar as criptomoedas fica aquém das expectativas do mercado. Um ambiente de política monetária mais flexível e o potencial de Trump revisar a regulamentação cripto contribuíram para o aumento do Bitcoin”, afirma o relatório.

O estudo, intitulado “Bitcoin: Lessons from its Biggest Rallies”, explora os padrões de valorização e quedas da criptomoeda, destacando sua crescente relevância no ecossistema financeiro. A análise, conduzida pelos pesquisadores Marion Laboure, Ph.D., e Galina Pozdnyakova, destaca que em 2024, identifica dois tipos de ralis no mercado de Bitcoin:

  1. Ralis Longos: Desde 2011, ocorreram quatro grandes ciclos de valorização estrutural, cada um com duração superior a 750 dias e ganhos médios de 57.870%. Esses períodos estão fortemente associados aos eventos de halving, que reduzem pela metade as recompensas de mineração, limitando a oferta e impulsionando os preços.

  2. Ralis Curtos: Foram identificados 23 ciclos de valorização mais curtos, com duração inferior a um ano. Embora menos intensos, esses ralis também geraram movimentos significativos, com ganhos médios de 528% antes de 2018 e 136% após esse ano.

Os pesquisadores destacaram cinco fatores principais que moldam o comportamento do Bitcoin em 2024:

  • Eventos de Halving: Historicamente, as reduções na recompensa por mineração têm sido catalisadoras para aumentos substanciais nos preços.
  • Institucionalização Financeira: O lançamento de ETFs de Bitcoin e maior presença institucional aumentaram a liquidez e reduziram a volatilidade estrutural, embora as quedas ainda sejam significativas.
  • Condições Macroeconômicas: O Bitcoin demonstrou alta correlação com políticas monetárias. Durante cortes de taxas pelo Federal Reserve, houve aumento no preço, reforçando sua narrativa como proteção contra inflação.
  • Adoção Corporativa e de Varejo: Apesar de progressos, a adoção ainda é limitada. Uma pesquisa do Deutsche Bank revelou que apenas 16% dos americanos investiram em criptomoedas.
  • Desenvolvimentos Regulatórios: A vitória de Donald Trump trouxe otimismo ao mercado, dado seu histórico de apoio à inovação. A nomeação de Paul Atkins como presidente da SEC sinaliza um ambiente regulatório mais favorável.

O papel do Bitcoin no ecossistema financeiro

O relatório também examina como o Bitcoin interage com ativos tradicionais. Desde 2011, a correlação com o índice Russell 2000, representando ações de pequenas empresas, é de apenas 11%, enquanto ativos considerados seguros, como o ouro e os títulos do Tesouro dos EUA, apresentam correlações ainda menores.

Nos últimos seis meses, essa dinâmica mudou ligeiramente, com o Bitcoin exibindo uma correlação crescente com ativos de maior risco, como ações de empresas menores (50% de correlação com o Russell 2000). Por outro lado, manteve-se negativamente correlacionado a ativos seguros, reforçando sua posição como um ativo “risk-on”, preferido em cenários de baixa aversão ao risco.

A percepção do Bitcoin como um ativo especulativo e de alto risco é uma das características que definem seu papel no mercado financeiro. Durante períodos de expansão econômica e políticas monetárias acomodatícias, a demanda por Bitcoin tende a aumentar, enquanto períodos de contração monetária ou incertezas regulatórias resultam em volatilidade acentuada.

Essa dinâmica tem contribuído para posicionar o Bitcoin como uma ferramenta para diversificação de portfólio, atraindo investidores que buscam retornos elevados e exposição a ativos não convencionais.

Segundo o banco, a crescente institucionalização do Bitcoin tem desempenhado um papel fundamental na consolidação de sua relevância no mercado financeiro. A introdução de contratos futuros de Bitcoin em 2017 e, mais recentemente, o lançamento de ETFs baseados em Bitcoin, proporcionaram maior liquidez e acesso para investidores institucionais.

O banco aponta que esses avanços reduziram a volatilidade estrutural do ativo, permitindo uma integração mais fluida aos mercados financeiros tradicionais.

De acordo com o relatório do Deutsche Bank, a presença institucional também contribuiu para uma maior sincronização do Bitcoin com os mercados tradicionais, especialmente durante períodos de alta volatilidade. Apesar disso, as quedas expressivas continuam sendo uma característica marcante do ativo, com episódios de correção superiores a 50% ainda ocorrendo.

O relatório destaca como a regulamentação desempenha um papel central na evolução do Bitcoin no ecossistema financeiro. A recente vitória de Donald Trump e a nomeação de Paul Atkins, defensor de um ambiente regulatório mais flexível, como presidente da SEC, geraram expectativas positivas no mercado. Essa mudança sugere um possível impulso para um quadro regulatório mais favorável, incentivando a inovação e a adoção de ativos digitais.

Além disso, iniciativas regulatórias fora dos Estados Unidos, como a implementação da MiCA (Markets in Crypto-Assets) na União Europeia, estão criando bases legais mais sólidas para o desenvolvimento do mercado de criptomoedas, o que pode impulsionar ainda mais a integração do Bitcoin no sistema financeiro global.

Bitcoin como parte integrante do sistema financeiro

A integração do Bitcoin no ecossistema financeiro vai além de seu uso como ativo especulativo. Ele é cada vez mais visto como uma reserva de valor alternativa, especialmente em contextos de inflação elevada ou políticas monetárias expansionistas.

Embora ainda enfrente desafios significativos, como a volatilidade e a adoção limitada, o Bitcoin está progressivamente se consolidando como um ativo relevante, com impacto direto nos mercados financeiros globais.

O Deutsche Bank conclui que o futuro do Bitcoin no ecossistema financeiro dependerá de sua capacidade de navegar pelos desafios regulatórios, sua evolução como ativo de investimento e sua adaptação às mudanças macroeconômicas. Independentemente do caminho exato que tomará, sua influência já é inegável, marcando um ponto de inflexão na história do sistema financeiro global.

Confira o relatório completo