Um levantamento da Quantum Finance, empresa de análise de dados do mercado financeiro, revelou que o desempenho das criptomoedas superou o das ações na B3 em 2024. Sete entre os 10 ETFs de maior rentabilidade da bolsa brasileira estão atrelados a ativos digitais.
Em um ano em que o preço do Bitcoin (BTC) foi impulsionado pela aprovação de ETFs spot de BTC nos EUA, o mercado brasileiro se beneficiou do fato de ter sido um dos pioneiros na adoção de fundos de índice negociados em bolsa. Ao todo, os brasileiros aportaram US$ 234 milhões (R$ 1,44 bilhão) em produtos de investimento em criptomoedas ao longo de 2024.
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Os três ETFs de Bitcoin negociados na B3 lideraram os ganhos na bolsa brasileira, de acordo com os dados da Quantum Finance, com valorização superior à do próprio ativo subjacente.
Em 2024, os ETFs negociados na B3 obtiveram ganhos adicionais em relação ao Bitcoin devido à desvalorização do real frente ao dólar. Isso acontece porque as cotas dos fundos são negociadas em reais na bolsa brasileira – e portanto ficam expostas à variação cambial.
O dólar subiu 27% em 2024, contribuindo para um saldo negativo recorde de US$ 87,2 bilhões na conta financeira do Brasil.
Além das flutuações do dólar, as taxas de administração e os custos de custódia e operações de câmbio afetam o desempenho de fundos de índice atrelados a ativos cotados na moeda norte-americana.
7 ETFs de criptomoedas mais rentáveis de 2024
Atrelado ao Hashdex Nasdaq Bitcoin Reference Price, o BITH11, da Hashdex, registrou o melhor desempenho de 2024 na B3 com rentabilidade anual de 175,43%, enquanto o preço do BTC subiu 121% em 2024, de acordo com dados da CoinGecko.
O QBTC11, da QR Asset, ETF de Bitcoin pioneiro da B3 ficou na segunda posição. Atrelado ao CME CF Bitcoin Reference Rate valorizou 169,05%, seguido pelo BITI11, da Itaú Asset Management, que registrou ganhos de 161,83%.
Dois fundos de índice temáticos completam o top 5. Líder do mercado brasileiro, com R$ 4,17 bilhões em patrimônio líquido, o HASH11 apresentou rentabilidade de 157,07%.
Atrelado ao Nasdaq Crypto Index, o fundo da Hashdex passou por um rebalanceamento de sua cesta de ativos em junho do ano passado. O objetivo era capturar possíveis ganhos com a mudança do ambiente regulatório nos EUA, após a derrota parcial da Comissão de Valores Mobiliários (SEC) no processo movido contra a Ripple, emissora do XRP.
O rebalanceamento do NCI adicionou as altcoins Solana (SOL), Avalanche (AVAX), XRP, Cardano (ADA) e Polygon (POL) à sua composição. Ao mesmo tempo, Arbitrum (ARB) e Stellar (XLM) foram removidos da cesta de 11 ativos que compõem o índice.
Além do rebalanceamento da cesta de ativos, o percentual de exposição do NCI para altcoins, excluindo Bitcoin e Ethereum (ETH) subiu de 3% para aproximadamente 10%.
Atrelado às 20 maiores criptomoedas por capitalização de mercado, o Empiricus Teva Criptomoedas Top 20 (CRPT11), da Empiricus Gestão, rendeu 140,77% aos investidores.
A dominância dos ETFs de criptomoedas é quebrada por dois fundos de índice atrelados a ações de tecnologia dos EUA – o BTG PACTUAL S&P/B3 INGENIUS (GENB11) e o IT NOW NYSE FANG (TECK11), que valorizaram 100,93% e 92,05%, respectivamente.
As criptomoedas voltam à lista, com o BLOK11, da Investo, ocupando a oitava posição, com rendimentos de 90,18%. O BLOK11 replica o Marketvector Smart Contracts Leaders Brazil Index, um índice composto por uma cesta de 15 criptomoedas projetado para rastrear o desempenho dos tokens mais importantes e líquidos de plataformas de contratos inteligentes.
Último colocado na lista, o ETHE11, ETF spot de Ethereum da Hashdex, apresentou valorização de 82,35%.
Em 2024, o Ethereum também ganhou ETFs nos EUA. No entanto, os influxos foram decepcionantes em um primeiro momento e não contribuíram para impulsionar a ação de preço do ETH.
A segunda maior criptomoeda por capitalização de mercado encerrou 2024 com uma alta de 46%, quase três vezes menor do que a valorização do Bitcoin.
Em dezembro, o cenário começou a mudar, com os produtos de investimento atrelados ao Ethereum acumulando um saldo mensal positivo de US$ 2,6 bilhões, conforme noticiado anteriormente pelo Cointelegraph Brasil.