O valor e a utilidade das criptomoedas serão plenamente reconhecidos em 2025, afirma Bruno Caratori, cofundador da gestora de ativos digitais Hashdex. No entanto, ao contrário do senso comum, Caratori aposta na adoção das stablecoins como meio de pagamento nos Estados Unidos – e não na adoção institucional ou mesmo em reservas estratégicas de Bitcoin mantidas por estados soberanos.
“O ano que vem realmente mostrará às pessoas comuns para que servem as criptomoedas”, afirmou Caratori à reportagem da Blockworks. O executivo acrescentou ainda que 2025 marcará o início de uma “nova era das criptomoedas, além do Bitcoin.”
O cofundador da Hashdex acredita que as stablecoins poderão ser adotadas como meio de pagamento nos EUA já no próximo ano, com a aprovação de leis favoráveis aos ativos digitais e a abertura de capital da Circle.
O IPO da emissora do USD Coin (USDC), segunda maior stablecoin em capitalização de mercado, seria o evento mais significativo para a indústria de criptomoedas desde a listagem da Coinbase na Nasdaq em abril de 2021, segundo Caratori:
“Este é um player que vai ganhar muita notoriedade. Em primeiro lugar, a Circle captará recursos para investir no ecossistema. E mesmo o que foi feito até agora, com iniciativas como a integração ao Stripe, pode tornar o USDC a principal porta de entrada para o comércio on-line.”
“Com iniciativas como essas, eles terão mais recursos, não apenas financeiros, mas também a credibilidade que vem com o estabelecimento de relacionamentos com grandes empresas”, acrescenta o executivo.
Um efeito colateral, porém não menos importante, da facilidade de acesso às stablecoins – e consequentemente de uma ampla adoção institucional – seria o fim dos ciclos de quatro anos que historicamente caracterizam o mercado de criptomoedas, segundo Caratori:
“Há um consenso generalizado de que as criptomoedas se comportam em um ciclo de quatro anos, que têm sido assim desde sempre e que continuarão a ser assim. Portanto, 2025 será o ano da exuberância, e isso inevitavelmente resultará em uma grande queda de 70 a 80%. Isso era verdade antes, mas acho que a adoção real por parte de governos e grandes empresas – como a BlackRock – estabilizará o mercado.”
Stablecoins vão impulsionar mercado de RWA
Embora sejam tratadas como nichos de mercado diferentes, stablecoins e ativos do mundo real (RWA) estão intimamente relacionados, na visão de Caratori.
Atualmente, o mercado de RWA está limitado a US$ 14 bilhões, de acordo com dados da RWA.xyz. No entanto, se as stablecoins forem incluídas nesta equação, o montante cresce para US$ 200 bilhões.
Iniciativas como o lançamento da stablecoin USDtb da Ethena (ENA), que é lastreada em parte por cotas do BUIDL, o fundo tokenizado da BlackRock, mostram que a integração entre ambos os setores não apenas faz sentido como é algo natural.
À medida que as stablecoins forem incorporadas ao dia a dia dos usuários, facilitando integrações com serviços bancários e protocolos de finanças descentralizadas (DeFi), novos casos de uso tendem a emergir.
Nesse cenário, o mercado de tokenização de ativos do mundo real se posiciona como um dos principais beneficiários. Em um mundo em que as criptomoedas tornam-se parte integrante da macroeconomia, o mercado tende a se estabilizar, alinhado com as perspectivas econômicas globais.
“Portanto, não espero que este seja um grande ciclo de exuberância seguido por um ciclo de queda, pois os primeiros aplicativos de fato se tornarão realidade para um público amplo”, conclui Caratori.
Apesar do otimismo da comunidade cripto com o mercado de tokenização de ativos do mundo real, os casos de uso ainda são limitados atualmente, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.